terça-feira, 6 de outubro de 2009

Carta Aberta à Sociedade

À (des)prezada sociedade brasileira.


Descupem a ousadia e a possível falta de respeito. Porém, escrevo estas mal traçadas linhas movida por medo, terror e indignação.
Ontem, a alguns metros da minha casa, em um lugar ao qual eu vou todos os dias,  a vida de mais um jovem foi posta no lixo, por motivos fúteis.
Eu, hoje, me pergunto o que foi feito do respeito à vida. Onde está a valorização do ser humano? Foi substituída pelas atitudes impensadas e pela sede de poder. Onde está o diálogo? Vejo em seu lugar armas e ódios que as disparam. Eu  nem vou ter a pretensão de perguntar pela paz, aniquiliada diariamente com palavras e atitudes, tendo por companheiros de massacre a fé e o amor a Deus.
Fala-se, então, a todo momento, de culpados. Mas, se refletirmos, não seremos nós, brasileiros, de cada canto do país, um pouco culpados dos crimes que acontecem diariamente em nosso território? Em nosso Código Penal, a omissão pode ser considerada cumplicidade. Quantas vezes não omitimos fatos e nos omitimos, por medo ou vergonha?
Eu condeno quem cala, mas eu compreendo. colocar a vida em risco para dizer a verdade não compensa, para muitos. Mas se mais verdades fossem ditas e mais atitudes tomadas em defesa da vida, da verdade e outros valores considerados fora de moda ou desimportantes, milhares de vidas seriam salvas.A palavras, seja ela honesta ou não, perde seu valor em favor da covardia.
Sociedade brasileira, não me entenda mal. Eu vejo em nós um lado bom, eu acredito em nossa força e capacidade de mudança. E palavras como as que eu escrevo agora milhares de pessoas já disseram. Porém, é fácil e bonito falar. Difícl e amedrontador é tirar do papel o que se diz, desde uma lei até uma simples carta de uma adolescente indignada e amedrontada.
Eu tenho medo, sim. Tenho medo pelo futuro dos jovens envolvidos em tragédias, com a dor e a revolta em suas almas. Eu tenho medo pelo meu futuro. afinal, poderia ter sido eu, ou qualquer um de nós. Poderia ter sido um de seus filhos, ou seus pais. Eu tenho medo, enfim, pelo futuro dos meus filhos, que não passam de planos, e vão conhecer um mundo mais cruel que muitos pesadelos.
Ontem, futuros foram prejudicados. Eu, hoje, penso no amanhã. Quando a indignação que nos domina hoje passar, o que vai restar? O amargor de vidas estragadas e a consciência vã de um "mundo cruel". Porém, mais nada. E o ciclo se repetirá. Quem é capaz de dizer por quantas vezes?
Desejo, sinceramente, que seja diferente.
Desejo, Sociedade, que isso nos mude, para pessoas melhores, mais conscientes e humanas.
Desejo poder, no futuro, escrever uma carta repleta de elogios e de animação.
Hoje, apenas me desculpo pelas possíveis incoerências.


Afetuosamente,
Uma adolescente apaixonada pela pátria, triste e inconformada,
Kássia Castoldi FIcagna