As palavras de Fitzgerald ainda
ecoavam em sua cabeça e reverberavam em suas entranhas. “Transformando o amor
em um acidente”. “Estou cinco anos além da idade em que poderia mentir pra mim
mesmo e chamar isso de honra”. “Em direção ao passado.” As palavras submergiam
na forma de lágrimas que ela teimava em segurar.
Se o fotógrafo de Palahniuk
tentasse captar seu fastio existencialista distante em um flash, ele não seria
capaz. O cansaço era como o gosto de cigarro na sua boca. Ninguém notaria, a
não ser que lhe beijasse os lábios. Talvez uma brisa fosse capaz de movimentar
as ondas do seu cabelo de forma a revelá-lo uma única vez aos sentidos de um
observador atento.
Se fosse música, seria jazz. Ou
um blues, com lágrimas e sangue em cada nota, mesmo nas alegres. Seria a
intensidade da black music, em letra e melodia. Jazz que se perde em múltiplos
braços e movimentos inúmeros, pra voltar a se encontrar na solidão.
Ela procura a solitude no meio
da multidão. Na fila do restaurante, a moça de cachos ruivos e pentagrama no
pescoço lhe desperta intenções pagãs. Na mesa ao lado, olhos curiosos se
prendem ao seu livro. Os seus próprios olhos se perdem no nada.