Essa é mais uma das cartas que eu escrevo e não envio. Em um tempo não tão remoto, ela chegaria ao destinatário sem que fossem precisos selos ou mesmo remessa.
Escrevo para dizer que não passou. Que eu passei por ti, as tuas mãos passaram pelo meu corpo, o teu pensamento passou a outras mentes e nosso tempo passou. Mas o que eu sinto não passou.
Eu lembro teus beijos o tempo todo. Lembro tua boca macia em contraste com a força dos teus braços ao meu redor. Principalmente de madrugada, quando não há ninguém e só posso contar com minha música francesa e meu café.
Tenho trilhado um caminho e só pretendo retornar se me disseres pra ficar. Eu sei que é patético até mesmo levantar essa hipótese. Eu não posso evitar me tornar patética quando penso no que me fazes sentir.
Olho as fotos que tiramos juntos e sinto falta da tranquilidade no meu sorriso. Sinto falta das gargalhadas, e de jogar meus braços ao redor do teu pescoço. Quando tu me disseste “até logo”, talvez eu já soubesse que “logo” é um tempo que não existe.
Eu tenho pensado sobre muitas coisas. Percebi que não importa o quanto eu aceite baixar a guarda e me tornar vulnerável (e acredite, eu realmente estou fazendo isso) eu jamais vou me sentir tão vulnerável quanto me senti no momento em que decifraste meus olhos.
Talvez seja melhor assim. Talvez seja melhor pra mim.
I had to let you go
To the setting sun
I had to let you go
And find a way back home