domingo, 12 de setembro de 2010

Duras, ásperas... Tênues e Sutis

Como seres humanos, estamos frequentemente interagindo com aqueles que nos rodeiam. As maneiras podem ser as mais diversas. Mas, hoje, em oposição ao meu post anterior, me propus a falar delas, que preenchem nossos silêncios: as palavras.
Falamos. Tanto. Nosso fluxo de palavras é constante, e não raro nos surpreendemos falando palavras cujo significado não conhecemos, ou não condiz com o que realmente queremos dizer. Mas o contrário também ocorre. Deixamos escapar palavras que nos revelam, que nos condenam. Para um ouvinte atento e observador, ficamos completamente expostos por nossas palavras, pela forma como são ditas, ou mesmo não ditas.
As palavras que mais falamos, ou mais calamos, nos deixam nus. Revelam tudo que sentimos, aquilo que escondemos, inclusive de nós mesmos. Repetimos as palavras, inconscientemente, que mais demonstram nosso estado de espírito.
E essas palavras tem poder. Não vou repetir frases feitas nem ditar fórmulas mágicas de atração e conquista. Mas, sabemos claramente, manter nossos pensamentos positivos, confiantes e com fé, funciona. O contrário também.
Entretanto, quero falar do poder das palavras que todos, eu disse TODOS já sentiram. Elas ferem. Magoam, dilaceram. Quando ditas por impulso, podem abrir feridas incuráveis. Claro que em quem escuta, mas nem tão claramente em quem as profere. Decidimos nossas vidas incitados por vontades e sentimentos passageiros. E, em um instante, mudamos nosso rumo e o de outras pessoas.
Devido a meras palavras, ditas no calor de um momento, nos arrependemos e sofremos durante um tempo que nos parece infindável.
Palavras ferem, maculam. Mas saram e cicatrizam. São remédio e veneno. Às vezes ao mesmo tempo. às vezes destroem quem as diz e curam quem as ouve, ou vice-versa.
A verdade é que as palavras tem mais importância do que imaginamos. E pensar antes de proferi-las pode ser um bem. Ou não. Nossas intuições e impulsos são algo maravilhoso, que não devemos reprimir, mas dosar e refletir. Dosar na hora, e refletir depois.
Seria, enfim, incorrer em erro torturar-nos por palavras, por maior que seja o seu poder. A consciência tranquila, nesse campo, é o que nos garante a certeza de ter usado e continuar usando de forma edificante e matizada de amor, esse instrumento de influência, decisão e realização que temos na ponta de nossa língua, de nossos dedos e no brilho de nossos olhos: as palavras.

sábado, 11 de setembro de 2010

O Conteúdo do Silêncio

Em uma sociedade neurótica, com valores distorcidos, cada vez mais as pessoas buscam o tão sonhado silêncio.
O único problema consiste em encontrá-lo. O que acontece é que a ansiedade, a compulsão por falar, comer melhor... enfim, seja o que for, está levando as pessoas a perderem a saúde e de quebra a sanidade.
É importante salientar que esse "silêncio" não existe. Este silêncio é a paz de espírito.
Porém, nosso objetivo aqui não é reclamar da sociedade ou das pessoas, e sim mostrar-lhes um rumo melhor. 
Ainda nesse ritmo, o silêncio que existe pode ser dividido em duas categorias: o acolhedor e o destrutivo.
A respeito do silêncio acolhedor, conhecido por tão poucas pessoas e apreciado por um número muito menor, poderíamos dizer muitas coisas. Geralmente, no silêncio acolhedor, estejamos nós sozinhos ou acompanhados, ocorrem aqueles momentos de mergulho profundo em nossos sentimentos, nossas ideias e aspirações reais. Saímos deles nos conhecendo melhor e sendo capazes de evoluirmos e desenvolvermos completamente nossos potenciais. O silêncio acolhedor, quando não solitário, pode ser fonte de satisfação real e plena. Esse silêncio geralmente ocorre quando estamos em companhia de alguém em quem confiamos, alguém com quem possuímos um nível de familiaridade mais elevado. É quando nos sentimos protegidos e acolhidos. E quando paramos pra pensar, ou mais claramente, quando paramos pra viver um silêncio assim? 
O silêncio destrutivo nos constrange, é indiscreto e destrutivo. Geralmente, é quando calamos para repreender, quando o melhor seria expressar aquilo que nos vai na alma. Por exemplo, o silêncio após expressarmos opiniões com a qual a grande maioria não concorda. Em casos assim, um debate sereno seria muito mais produtivo que um silêncio que censura e mantém na ignorância. O fato é que temos muitos mais lembranças deste tipo de silêncio do que daquele que nos ampara. 
Precisamos, como seres humanos, tentar reencontrar este carinho que muitas vezes apenas o silêncio pode nos proporcionar, buscar esta paz tão esquecida em nosso caótico cotidiano.
O silêncio de cada um, seja qual for o que você procura, está em você mesmo. Nossas vidas parecem parecem querer terminar no instante seguinte. Mas não vão. Não planeje o futuro com tantos detalhes, tenha consciência do seu corpo no agora, escute boas músicas, tenha uma vida feliz apesar das adversidades, não esqueça de descansar e AME MUITO!


Um forte abraço! Muita Paz, Luz, Amor e Bênção!!
Yuri Wladimir Pitthan e Kássia Castoldi Ficagna




A ideia deste texto surgiu "por acaso", como "por acaso" surgiu nossa amizade, mas não é por acaso que permanece. Vou aproveitar esse pequeno espaço pra umas poucas linhas de homenagem pra este amigo que me honra com sua amizade e alegra em todos os momentos. Obrigada, Yuri, pela presença, pelos conselhos, pelo carinho, pelas palavras. E pelo silêncio. ♥

domingo, 5 de setembro de 2010

Kiss - I Still Love You

Video que fala tudo...

 I Still Love You



You tell me that you're leaving, and I'm trying to understand
I had myself believing I could take it like a man
But if you gotta go, then you gotta know that's killing me
And all the things I never seem to show, I gotta make you see
Girl it's been so long, (now, tell me) tell me how could it be
One of us knows the two of us don't belong in each others company
It hurts so much inside, you're telling me goodbye, you wanna be free
And knowin' that you're gone and leavin' me behind
I gotta make you see, I gotta make you see, I gotta make you see
That I still love you, I love you
I really, I really love you, I still love you
Now, people tell me I should win by any cost
But now I see as the smoke clears away, the battle has been lost
I see it in your eyes, you never have to lie, I'm out of your life
Tonight I'll dream a way that you can still be mine
But I'm dreamin' a lie, dreamin' a lie, makes me wanna die
'Cause I still love you, I love you
Baby, baby I love you, I still love you
And when I think of all the things you'll never know
There's so much left to say
'Cos girl, now I see the price of losing you will be my half to pay
My half to pay, each and every day, hear what I say
I still love, I still love you
I really, I really love you, I still love you
Baby, baby, I love you, I love you, I really, I really love you

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Angenor de Oliveira - Cartola

Cartola nasceu a 11 de outubro de 1908 no Rio de Janeiro, em um bairro chamado Catete, onde passou a infância atendendo pelo nome de Angenor de Oliveira. Aos 11 anos, início de sua adolescência, mudou-se para o Buraco Quente (bairro do morro da Mangueira).
Aos 17 anos, já era o típico "malandro carioca", e fundou juntamente com seus amigos e companheiros de samba a GRES Estação Primeira de Mangueira. Compôs o primeiro samba enredo da escola, com o qual a Mangueira venceu o seu primeiro carnaval, As cores verde e rosa que representam a Mangueira foram uma escolha sua. Para aqueles que protestavam dizendo que as cores não combinavam, Cartola respondia: "Ora, o verde representa a esperança e o rosa o amor, como o amor pode não combinar com a esperança?" 
Devido ao racismo, Cartola nunca foi economicamente bem sucedido. Vendeu sambas no início de sua carreira e teve diversas profissões, entre elas escrivão e pedreiro. Foi na profissão de pedreiro que recebeu o apelido de Cartola, pois devido a sua vaidade usava sempre um chapéu côco para não sujar os cabelos de cimento.
Teve um sumiço temporário entre as décadas de 40 e 60, onde assumiu inúmeros "papeis". Na metade dos anos 60, o jornalista Stanislau Ponte Preta encontrou-o lavando carros no bairro de Ipanema e perguntou: "Você não é o Cartola?" "Sou", foi a resposta. Isso causou muito espanto ao jornalista, que passou a ajudá-lo, tornando-o mais popular. Ele reuniu Cartola e grandes  nomes da Literatura Brasileira e lançaram o seu primeiro disco em 1974.
Entre seus amigos estavam Donga, que "criou" o maxixe na década de 20, e Carlos Cachaça, grande poeta e compositor de Samba.
Nos anos 40, casou-se com Dona Zica antiga vizinha da infância. Dois dias antes de seu casamento, compôs para ela a música "Nós Dois". Teve muitos filhos, dos quais a maioria e também alguns netos continuaram "cultuando" o Samba.
apesar de ter apenas o primário, compôs as mais lindas canções do Samba, entre elas "Chega de saudade" e "As rosas não falam".
Também na década de 60, fundou juntamente com Zica, o bar ZiCartola, que foi um pólo irradiador do Samba.
Nos anos 70, mudou-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, na Rua dos Andrades, onde fica a estação do metrô.
Angenor de Oliveira, o Cartola, morreu pobre em uma casa doada pela prefeitura do Rio de Janeiro.
É admirado e considerado por nomes famosos da música, como Nelson do Cavaquinho e Paulinho da Viola como o maior sambista se todos os tempos. Ainda na época em que estava vivo, mestres da música, como Villa Lobos e Stokovsky foram visitá-lo no Buraco Quente. Cartola certamente deixa saudades no seu centenário.


"Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve"
Nelson Sargento

(Compilação de trechos retirados da Internet. Muita coisa saiu daqui: http://brazilianmusic.com/cartola/indexp.html)

Cartola foi um homem à frente do seu tempo. Apesar de ser um homem genial, o reconhecimento merecido nunca foi devidamente alcançado. Acima de tudo isso, o menino simples que teve sua condição econômica drasticamente alterada na pré-adolescência nunca deixou de lutar e conservou a humildade. Cartola tem muito a ensinar para cada um de nós. A fidelidade dos amigos, que se mantém até hoje, pode ser tomada como reflexo do coração simples e lotado de coisas boas, cativante como poucos. Homem de talento que dispensava homenagens póstumas, tem hoje no carinho de pessoas que nem sequer conheceu a maior prova que o seu talento e musicalidade não foram empregados à-toa. Também não é à-toa que é considerado o maior sambista de todos os tempos. Com canções sempre atuais, cativou o coração do público. Dificilmente o Brasil vai ter novamente um artista com sua genialidade e humildade. 
Cartola... Não é sem motivo que hoje seu centenário é comemorado, e nosso coração se enche de orgulho e carinho ao lembrar de uma personalidade tão cativante.




(Texto escrito no ano de 2008, devido ao Centenário de Nascimento de Cartola.)