quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Angenor de Oliveira - Cartola

Cartola nasceu a 11 de outubro de 1908 no Rio de Janeiro, em um bairro chamado Catete, onde passou a infância atendendo pelo nome de Angenor de Oliveira. Aos 11 anos, início de sua adolescência, mudou-se para o Buraco Quente (bairro do morro da Mangueira).
Aos 17 anos, já era o típico "malandro carioca", e fundou juntamente com seus amigos e companheiros de samba a GRES Estação Primeira de Mangueira. Compôs o primeiro samba enredo da escola, com o qual a Mangueira venceu o seu primeiro carnaval, As cores verde e rosa que representam a Mangueira foram uma escolha sua. Para aqueles que protestavam dizendo que as cores não combinavam, Cartola respondia: "Ora, o verde representa a esperança e o rosa o amor, como o amor pode não combinar com a esperança?" 
Devido ao racismo, Cartola nunca foi economicamente bem sucedido. Vendeu sambas no início de sua carreira e teve diversas profissões, entre elas escrivão e pedreiro. Foi na profissão de pedreiro que recebeu o apelido de Cartola, pois devido a sua vaidade usava sempre um chapéu côco para não sujar os cabelos de cimento.
Teve um sumiço temporário entre as décadas de 40 e 60, onde assumiu inúmeros "papeis". Na metade dos anos 60, o jornalista Stanislau Ponte Preta encontrou-o lavando carros no bairro de Ipanema e perguntou: "Você não é o Cartola?" "Sou", foi a resposta. Isso causou muito espanto ao jornalista, que passou a ajudá-lo, tornando-o mais popular. Ele reuniu Cartola e grandes  nomes da Literatura Brasileira e lançaram o seu primeiro disco em 1974.
Entre seus amigos estavam Donga, que "criou" o maxixe na década de 20, e Carlos Cachaça, grande poeta e compositor de Samba.
Nos anos 40, casou-se com Dona Zica antiga vizinha da infância. Dois dias antes de seu casamento, compôs para ela a música "Nós Dois". Teve muitos filhos, dos quais a maioria e também alguns netos continuaram "cultuando" o Samba.
apesar de ter apenas o primário, compôs as mais lindas canções do Samba, entre elas "Chega de saudade" e "As rosas não falam".
Também na década de 60, fundou juntamente com Zica, o bar ZiCartola, que foi um pólo irradiador do Samba.
Nos anos 70, mudou-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, na Rua dos Andrades, onde fica a estação do metrô.
Angenor de Oliveira, o Cartola, morreu pobre em uma casa doada pela prefeitura do Rio de Janeiro.
É admirado e considerado por nomes famosos da música, como Nelson do Cavaquinho e Paulinho da Viola como o maior sambista se todos os tempos. Ainda na época em que estava vivo, mestres da música, como Villa Lobos e Stokovsky foram visitá-lo no Buraco Quente. Cartola certamente deixa saudades no seu centenário.


"Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve"
Nelson Sargento

(Compilação de trechos retirados da Internet. Muita coisa saiu daqui: http://brazilianmusic.com/cartola/indexp.html)

Cartola foi um homem à frente do seu tempo. Apesar de ser um homem genial, o reconhecimento merecido nunca foi devidamente alcançado. Acima de tudo isso, o menino simples que teve sua condição econômica drasticamente alterada na pré-adolescência nunca deixou de lutar e conservou a humildade. Cartola tem muito a ensinar para cada um de nós. A fidelidade dos amigos, que se mantém até hoje, pode ser tomada como reflexo do coração simples e lotado de coisas boas, cativante como poucos. Homem de talento que dispensava homenagens póstumas, tem hoje no carinho de pessoas que nem sequer conheceu a maior prova que o seu talento e musicalidade não foram empregados à-toa. Também não é à-toa que é considerado o maior sambista de todos os tempos. Com canções sempre atuais, cativou o coração do público. Dificilmente o Brasil vai ter novamente um artista com sua genialidade e humildade. 
Cartola... Não é sem motivo que hoje seu centenário é comemorado, e nosso coração se enche de orgulho e carinho ao lembrar de uma personalidade tão cativante.




(Texto escrito no ano de 2008, devido ao Centenário de Nascimento de Cartola.)

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