Um domingo em família pode render muitas reflexões. Entre elas, a que gerou este post.
Toda pessoa tem algum motivo para ter raiva da Justiça, ressentimentos contra a lei ou contra advogados. É natural. O problema aparece quando esse ressentimento é generalizado e transmitido como verdade absoluta.
Do alto de seu senso comum, médicos, secretárias e aposentados resolvem ter uma discussão jurídica sobre Direitos Humanos. Não me entendam mal: cada um desses profissionais é excelente no que faz, mas com um conhecimento jurídico raso, inconsistente. Além de que é fácil identificar-se com a vítima. "Direitos Humanos para criminosos é proteção da lei ao bandido!". Sim, primas e tias queridas, é proteção ao criminoso. Que também é gente. Que também tem família. Que também poderia ser teu filho, tanto quanto a pessoa cujos direitos foram violados pelos atos dele.
Não se pode desejar que o Estado se equipare aos criminosos dando a eles tratamento tão errado quanto as atitudes destes. É uma incoerência total.
"Os juízes sentam-se mais altos que a gente numa audiência, dá a impressão que depois deles só Deus". Sim, os juízes sentam-se mais alto. Não, isso não é absolutamente necessário. Entretanto, tem uma explicação. A visão de um juiz deve ser distanciada e abrangente, para não haver influências ou identificação com as partes.
O julgamento da parte pelo todo. Criticar o Direito porque nem todos os seus operadores honram o diploma. Que a minha ignorância seja perdoada, mas isso é tão injusto quanto as falhas que vocês apontam a cada segundo.
Me perdoem por escrever. Mas o que pode falar uma simples estudante do tão odiado Direito, que opera com as Leis que vocês detestam, com apenas dezessete anos? Talvez quando a minha posição for aquela criticada, juíza ou promotora, vocês tenham por mim o respeito para que eu possa calma e educadamente mostrar o lado da lei que vocês desconhecem.
Ora, um operador de Direito enfrenta uma faculdade de cinco anos para começar a conhecer as leis e o sistema do Direito. O estudo é absolutamente ININTERRUPTO. E as pessoas comparecem a uma audiência, conhecem dois ou três juízes ou advogados e almejam saber tudo do Direito. No mínimo, é irracional. Pra não dizer coisa pior.
O Direito não é, de forma alguma, perfeito. É o sistema com mais falhas que se tem conhecimento, que mais são sentidas na pele pelas pessoas. Mas, querida família, a César o que é de César. E conhecer antes de criticar é sempre válido. Portanto, deixem o Direito e as discussões jurídicas para quem do Direito e para o Direito vive.
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