ou Outra Carta Que Eu Não Enviei
Me peguei
pensando em você e sentindo uma dorzinha incômoda quando li um trecho daquela
música que foi nossa sendo só, só minha. Acho que é porque sonhei com você.
Sonhei que você me mandava uma daquelas tuas mensagens loucas e dramáticas no
meio da madrugada, simplesmente sem motivo e depois de todo esse tempo. Dizendo
que me amava e que um dia ainda nos pertenceríamos. Seríamos um do outro.
Sonhei com
você, Chapeleiro Maluco. Com cogumelos do tamanho de assentos. É, essa foi
inesquecível. Com sorvetes de Mario Bros. Sonhei com mãos dadas enquanto dirigia e com
carros antigos. Sonhei com você assim, meio Jack Kerouac. Jack Kerouac ouvindo
Oasis, segurando em silêncio minha mão enquanto pensava em outra pessoa. O meu
favorito de todos os canalhas. E espero que você tenha perdido o hábito de me
ler e dizer que sou sempre muito óbvia, porque dessa vez é mesmo muito óbvio.
Eu ainda não
desci de cima do muro e aqui é muito confortável. A vista é linda. Juro. A
vista é muito linda. E você deveria experimentar. Esse texto nem é uma
declaração de amor apaixonada e arrependida, mas é uma declaração de saudade da
nossa amizade gauche, dos teus velhos
de cartola e dos cachorros na pracinha. Eu nunca fui apaixonada por você, bem o
sabes. Sabes também que nossa amizade dá saudade não só no verão. Mas esse
texto é um lamento, por tudo que ficou pra trás, por todos os “se”, por todos
os “talvez”, e por ter sonhado com você.
“There are many things that I would like to say to you
But I don't know how”
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