Desligo o
termostato e apago as luzes. Ali vou despir meu corpo e nessas palavras vou
despir a alma.
Pra me fazer
nua mais uma vez.
Pra me fazer
tua mais uma vez.
Deixo o luar
banhar minhas costas, e a água fria escorrer pela nuca. Porque é quando fecho
meus olhos para o mundo e me deixo guiar pelo que sinto na ponta dos dedos e no
fundo da alma que me faço completa. Porque é quando sinto a respiração ofegar,
quando sinto minhas mãos tremendo sinto cada partícula do meu corpo se
transformar em energia.
E então
sinto que te toco. No arrepio da pele sinto teus dedos e no fundo só sinto a
tua falta.
Fecho os olhos e quando respiro, eu por fim me
inspiro.
Por mim, me
inspiro.
Por fim, respiro.
Rodopio e sublimo: o luar me presenteia e se
faz palpável. Percebo o regalo e estremeço com a dádiva. Tenho a companhia da
lua que se materializa para mim. Dois raios de luz se encontram e nessa
intensidade eu quase sinto entre meus dedos. Eu lembro quando os nossos
sentimentos se encontravam sem querer e quase podíamos tocá-los. Será que é um
presente teu ou da lua para que eu volte a sentir?
Atravesso a
parede pra saber se do outro lado é tão intenso. Como sempre quis fazer e
atravessar teu peito.
As palavras
te evocam sem querer e eu sinto teu nome reverberar em mim.
O tecido na
minha pele é muito mais intenso e meus olhos se fecham. Como se fecham quando
eu lembro o significado por trás de tuas palavras.
Meu coração
continua disparado, como sempre desde que eu tento aprisionar a poesia nas
palavras. Aprisioná-la com dedos suaves para que venhas e a liberte. Para que
ofereças a ela a liberdade de viver também no teu sentimento.
Vem e leva.
É também tua.
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