segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Amada Farsa

Eu desci do teu carro com as pernas bambas e o gosto de último beijo nos lábios. Não que você tenha dito que era o último. Mas eu sempre fui uma ótima leitora e li nos teus olhos todas as entrelinhas do que você não disse. Desci apressada pra fugir de perto do mais bem sucedido fracasso amoroso.
Teu abraço forte, teus braços me dizendo que me queriam perto já não foram mais suficientes para me convencer que tua atuação comigo era real.
Isso já faz tanto tempo que nos perdemos entre mentiras e confissões. Naquelas coisas importantes que só eu sei e nas banalidades que eu jamais saberei. Já faz tanto tempo que eu não vejo mais você nos gestos alheios, nem te ouço nas músicas que me inspiravam.
Se já não te vejo num qualquer, ainda sinto teus lábios nas minhas têmporas. Ainda sinto o cheiro de fruta do teu cabelo e ouço tua risada insana que me devolveu a sanidade de sentir.
Querida farsa... Tua atuação foi comigo ou segues todos os dias encenando uma peça sem último ato? Até quando vais seguir camaleão, mudando a atuação como o sol muda a cor dos teus olhos?
Amada farsa. Teus olhos de cor incerta me davam a certeza de que perto de você eu não poderia nem deveria me sentir segura. Agora eu vejo que não tive sensibilidade suficiente pra te captar nos momentos em que você se revelou sem querer. Ou talvez eu tenha capturado pra mim tudo que vi em ti de tão bonito... E agora só sobrou o que eu não quis ver.
Se fecho os olhos, ainda vejo o menino que amei em ti.

3 comentários:

  1. Maravilhoso, como sempre! :3

    ResponderExcluir
  2. incrível a intensidade desse poema !complexo de escrever como todos... e é assim ! Abração Ivan !

    ResponderExcluir