Eu estava lá, beibe. Não tenho certeza se tu reparaste.
Talvez tenha sido só um detalhe da paisagem que esqueceste de ver. Eu estava
lá, enquanto tu buscavas o teu prazer. Eu olhei nos teus olhos enquanto tu
fechavas os teus.
Sabe, depois de tanto tempo, eu estava lá. Depois de tanto
tempo, éramos nós. Compreendo que talvez tu não tenhas tido tempo de reparar.
Sob o teu, era outro corpo. Eram curvas e pele, eram aromas e gostos. Que,
compreendo, tu não percebeste. Além do centro, era toda uma miríade de
sensações que tu jamais terás novamente.
Eu realmente estava lá. E tu, onde estavas? Tão dentro de si
que esqueceu de perceber que há outros jeitos menos objetivos de se estar
dentro de alguém. Nós dois sabemos que a inspiração é externa, e é a poesia que
vem de dentro. Para ti, jamais serei poesia porque quando bebeu dos meus
lábios, tua sede era superficial.
Eu estava lá, tanto quanto estava quando tu disseste que aquela
seria uma conversa de pele, porque nossas almas já conversavam de outras eras.
Eu estava lá assistindo o teu monólogo. Porque não, não conversamos. Te ouvi
falar freneticamente, olhei pra tua alma e tu... Não estavas lá.
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