A noite estava quieta. Nenhum rumor na rua deserta.
Abri meus olhos. Só conseguia enxergar o brilho difuso das estrelas, muito longe de mim.
O que havia acontecido? Quem eu realmente era?
Aos poucos, as lembranças foram voltando... Aos poucos, eu fui recobrando os sentidos.
Eu estava caminhando pela rua... Investigando mais um desses crimes aparentemente sem solução. Estava feliz... Exultante, quase eufórico. Acabava de descobrir a solução de um mistério insolúvel. Quem roubara as jóias da condessa fora a sua antiga camareira e ama-de-leite.
Corria em direção da delegacia, apresentar a denúncia oficial e depois iria até o palácio da Condessa oferecer a solução do crime.
E...Então...
EU NÃO CONSIGO LEMBRAR!
Essa dor me torturava! Parecia que alguém martelava em minha cabeça com um martelo de ferro, sem piedade...
Vamos... Apenas um pouco mais de esforço...
Então... Um vulto... Sim, um vulto masculino... Passos abafados... Uma voz cruel... Uma mão fria em meu pescoço... E... Uma pancada seca em minha cabeça...
Em seguida... O silêncio, a ausência total de ruídos... A falta de dor... A luz... E o vazio...
Nada mais.
Vi minha vida passar toda em minha frente.
Os primeiros passos... O primeiro dia de aula!
A primeira namorada... O dia do meu casamento... O nascimento de meu primeiro filho...
Senti meu rosto se iluminar em um sorriso... Mas... Ah, a dor!
Vi minha esposa deitada em seu caixão... Nosso filho chorando de fome... Meu primeiro assalto... Mas foi por um bom motivo, MEU FILHO TINHA FOME! Desespero... E... Quando fui pego... Me pegaram roubando o leite para sua refeição.
E o acordo.
A polícia perdoaria meus erros se eu trabalhasse para eles, Me acovardei. Aceitei. Errei.
Tentaram me corromper. Eu deixei. E vi cada suborno passar na frente de meus olhos.
As lágrimas agora molhavam meu rosto em intensidade muito maior do que a chuva abençoada lavando as imundas sarjetas onde me encontrava caído.
E.. O declínio... O fracasso.. As bebedeiras... Poucos casos me eram entregues...
E essa era minha chance. Minha chance de ter novamente prestígio.
Bastava entregar a camareira.
Mas...
A pobre mulher não tinha culpa! Eu não poderia culpar uma inocente!
Então, revi tudo o que sabia sobre o caso. E a solução foi tão fácil, tão óbvia! Fora o amante. Mas ele era extremamente rico e influente...
Não importava. Eu o entregaria.
E... A voz.
Dizendo que eu já suportara o bastante. Ganharia uma chance, última e única, de fazer a coisa certa.
E eu vou, Vou sair dessa sarjeta. Cumprir meu dever. Aí então poderei.
Ah... Poderei novamente olhar sem culpa para os olhos de meu filho.
Texto escrito em 13/05/2008 para avaliação escolar.
Nena, tu escreves muito bem! Tô seguindo teu blog. Dá uma passadinha no meu: www.gabikirinus.blogspot.com
ResponderExcluirGabii, amaada! Obrigaada! Esse é antigo, tem até muita reticência pro meu gosto, mas obrigada de verdade! Tô até agora procurando onde seguir o teu blog, mas como não sou muito esperta, ainda não consegui xD
ResponderExcluirPretendo segui-lo assim que descobrir como ASHUHUASUHAS
Beeijo!