Quisera eu
saber por quais estações já andara
Que
recordações abrigara
Que
paisagens vislumbrara
Quisera eu
saber quais as rendas delicadas e
Sedas mui
finas e lãs grosseiras carregara
Vestidos de
festa, ternos e sobretudos
O macacão do
trabalhador
Quisera eu
saber que livros e enciclopédias
Folhetos
marxistas ou missários encerrara
Quisera eu
saber as fotos que transportara
Os pedaços
de mundo que protegera
E os sonhos
esquecidos no fundo
Perdidos
pelo forro
Amarelados
pelo tempo
Desgastados
pelo movimento
Quisera eu
ouvir a história
De uma mala
despedaçada
Abandonada
na intempérie
Quisera eu
não sonhá-las,
Múltiplas e romanceadas
Mas
conhece-las,
Ainda que
duras
Ainda que
com menos suspiros.
Quisera eu
vislumbrar o surreal que encerras
Que
ultrapassa minhas infinitas realidades
E apreciar o
cotidiano de tua poesia
A poesia do teu cotidiano.
A poesia do teu cotidiano.