terça-feira, 26 de junho de 2012

Les Bagages



Quisera eu saber por quais estações já andara
Que recordações abrigara
Que paisagens vislumbrara

Quisera eu saber quais as rendas delicadas e
Sedas mui finas e lãs grosseiras carregara
Vestidos de festa, ternos e sobretudos
O macacão do trabalhador

Quisera eu saber que livros e enciclopédias
Folhetos marxistas ou missários encerrara

Quisera eu saber as fotos que transportara
Os pedaços de mundo que protegera
E os sonhos esquecidos no fundo
Perdidos pelo forro
Amarelados pelo tempo
Desgastados pelo movimento

Quisera eu ouvir a história
De uma mala despedaçada
Abandonada na intempérie

Quisera eu não sonhá-las,
Múltiplas e romanceadas
Mas conhece-las,
Ainda que duras
Ainda que com menos suspiros.

Quisera eu vislumbrar o surreal que encerras
Que ultrapassa minhas infinitas realidades
E apreciar o cotidiano de tua poesia
A poesia do teu cotidiano. 

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