“Nunca
consegui amá-las no claro-obscuro dos encontros e das distâncias”
Luis Alberto
Warat
Eu não sei o
que fui para ti, se o fui. Quem sabe eu ainda seja. Tu ainda és, não só para
mim, mas em mim. Quem dera a luz se fizesse então escuridão para que a falta de
teus olhos nos meus me trouxesse paz.
Fecho os
olhos e vejo claro dentro da escuridão esse cruel jogo de antíteses que
representas. Essa significação loucamente confusa e divinamente sensata que só
tu conseguiste assumir na minha vida. Para depois sumir.
E eu,
paradoxo humano que sou desde tenra idade, busquei na tua figura de poder a ressurreição
de um natimorto simulacro de orientação, repressão, alento e recompensa.
Busquei, para poder então aniquilar qualquer influência, estando já sob
influência. Quis a liberdade nos grilhões do teu abraço.
Hoje vejo a
crueldade e a constatei subjugação com que me releguei ao segundo plano. Mas
não há remorsos. Je non regrette rien.
Tu, em cada
ida e vinda, em cada segundo de força e fragilidade, caráter e desonra, a cada
vez que me afaga para então afastar. Tu, criatura do chiaroscuro que me levou ao outro lado da lua.
Talvez seja
a ti que aprendi a amar, mesmo sem desejar amar, mesmo sem o realizar. Ou
talvez sejam só jogos de luzes que não me deixam ver o que tu já não és, nem
chegou a ser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário